segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O melhor presente de grego pra se ganhar

Que coisa mais estranha é constatar que o queremos mesmo é o que o amor seja nossa comida, e vida.

Se eu pudesse te fazer um pedido hoje, eu te pediria sinceramente, seu moço: Me ensina de novo amar? Já faz tanto tempo que eu não consigo me recordar.


Fairy Tale - Shaman
Camila Lourenço

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Laska



Era inverno quando Laska chegou. Ao contrário do que esperava, não me colocou no colo, não me aqueceu muito menos tirou aquela agonia familiar do meu peito.
Chegou não sei se altivo ou nervoso, só sei que tirou tudo do lugar. Tirou todos os móveis do canto da sala, jogou minhas gavetas no chão, esvaziou meus armários, jogou as roupas na cama. Nem mesmo meu lugar secreto de bugigangas escapou daquele ataque estranho. Tirou as cortinas das janelas, bagunçou a cozinha. Eu olhava aquilo tudo primeiramente estática, sem entender. Depois, nervosa, pulei em seu pescoço tentado frear aquela disseminação da desordem, em vão. Ele continuou sua missão que durou pouco mais de uma hora.
A noite estava fria, ventava e caia uma chuva fina e triste e eu assistia desolada e derrotada aquele espetáculo da porta, sentada no chão, onde eu estava. Quando ele se deu por satisfeito, virou pra mim e disse: "Pronto, agora arrume." Confesso que chorei. Era só uma casa, tudo bem, eu sei, mas era a MINHA casa, toda bagunçada, revirada de ponta a cabeça e com aquela imensa nuvem de descrença pairando no ar.
Esfreguei os olhos com as costas das mãos, como fazia quando criança. Olhei pra ele, nos olhos. Nem brigar consegui. Ele saiu pela porta me deixando ali com minha bagunça, com aquela bagunça tão parecida com meu interior. Sentei perto da cama. Não sabia sequer por onde começar, mas comecei. Furiosa, entristecida, descrente, fui pegando primeiramente minhas coisinhas pequenininhas. Encontrei um porta-retrato do 1º ano da faculdade, uma carta do primeiro namorado, uma foto envelhecida do meu saudoso pai, um cartãozinho de um natal antigo em família, e de repente, meu rosto de triste começou ter aquela leveza que a nostalgia das boas lembranças produz.
Encontrei também um tanto bom de recibos de contas antigas, molduras de tempos ruins e mais alguns outros resíduos de lembranças doloridas. Do guarda-roupas, acabei encontrando várias coisas que não mais deviam estar ali. E assim prossegui minha faxina forçada, encontrando em cada canto alguma coisa que me fazia chorar e sorrir, me livrando de algumas, guardando com ainda mais cuidado outras tantas. A faxina não acabou em um dia. Demorei semanas para colocar tudo em ordem. Creio que nem na última mudança vi tanta bagunça. Laska estava sabe-se lá onde... desde o dia do seu ataque que eu não o via.
Quando terminei a faxina no interior da casa, reinava do lado de fora caixas e caixas de coisas que precisavam ganhar novos donos, novos rumos e também o caminho do lixo. Sai de casa e encontrei novas casas para as coisas que precisavam de novos donos, deixei também um bom montante de caixas no lixo e dei aqueeeele tanto de papel de um passado não tão legal para o cara da reciclagem da esquina. Voltei pra casa leve. Até de sapatos eu havia me desfeito. Cheguei e observei como minha varanda estava linda. Nunca tinha notado o quanto parecia iluminada, limpa. Límpida.
Entrei e aquele ar que gosto de chamar de "esperança" me acolheu e abraçou. Achei tudo mais lindo e espaçoso. Havia me livrado daquela mesa de canto que nunca havia tido serventia alguma além de ocupar espaço. Havia me livrado também da cortina escura e a janela do jardim agora estava aberta deixando o cheiro do finalzinho de inverno entrar. Eu ainda estava ali, enamorada quando ele entrou. Entrou, me deu aquele abraço que só ele sabia dar, envolvendo meus braços, por trás e sussurrou no meu ouvido:"Será que agora você entendeu?"
Eu me virei e fui preenchida por aqueles olhos que me desmontavam por inteiro sem necessitar de palavra alguma e ao invés de raiva, repulsa, eu o abracei. Me joguei nos seus braços, com aquele choro de alívio regado a riso silencioso.
Não sei muito bem quando a ficha caiu, quando entendi. Só sei que foi bem no dia que Laska chegou e tirou tudo do lugar que entendi que amor só é amor quando de alguma forma te tira do ócio do comodismo e te relembra que para coisas boas chegarem é preciso arrumar "espaço".
Naquele dia, "Laska" entrou de vez na minha vida, e desde então, nunca mais me questionei sobre o que é amor, "Laska" arde todos os dias em meu peito me lembrando que está ali.



''Now We Are Free''
Camila Lourenço
P.S: Laska, em tcheco, significa amor.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Desconectar para conectar (na vida)

Bom diia pessoal!
Texto de hoje no Gente de Conteúdo.
"Desconectar para conectar (na vida)". Leia aqui

Camila Lourenço

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Porque é isso que importa

E que se dane se o céu não está azul. Tenho tinta pra quê?


O que desejo mesmo é que Deus passe uma mega super cola em nós e nossa essência, para que por nada nem ninguém desse mundo, deixemos de ver a vida da forma como devemos ver: Com os olhos do coração.



We Are The Champions


Camila Lourenço

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Pare de ser a burra da vez

Ninguém morre de amor.
Julieta que entendeu errado a parada.

Havia tanto amor ali, mas tanto, que o bom senso já havia perdido há muito seu lugar.
Ela o carcomia com olhos, ouvidos, saliva. Ela o amava de uma forma tão gigante que ficava até chato. Ela queria preencher-lhe todas as lacunas, e dar-lhe todo, TODO o amor do mundo. Dormir de conchinha depois do amor, contar-lhe do dia, retrucar, responder, amar. Tonta, sequer percebia o que estava tendo em troca, ou se recebia algo em troca. Só ia, bebia como se seus lábios jamais houvesse tocado em algum líquido no mundo. Ela comia-o no café da manhã, da tarde, da noite, e demorava um pouco acordada para olhar pra aquele corpo sob o seu. Estava uma tonta, uma chata, uma tapada... uma apaixonada.
E mudou planos, e mudou rotina, e não voltou mais no encontro das amigas, nem foi mais ao cinema ver sua sessão favorita de filme francês, porque precisava estar com ele, queria estar com ele, pra ele, por ele, a ele.
Era impecável, sempre linda, inteligente, bebia e não se importava com o futebol do domingo. Era perfeita. O cercava tanto, estava tão presente que por assim o fazer, sequer o deu chances de perceber que ela fazia falta. E quanto mais como móvel da casa ele a tratava, mais a tapada se anulava, tentando desesperadamente e em vão preencher o abismo enorme que crescia entre eles. Não tardou, amargou um pé na bunda.
Sem entender e chorosa, hibernou um bom tempo a decepção. Se culpou, engordou, se revoltou. Enfiou o pé na jaca, bebeu, vomitou, saiu, beijou. Aos poucos, foi voltando sua rotina. Aos poucos foi voltando ser gente, ser ela. Viveu outras histórias. Repetiu o mesmo roteiro burramente várias vezes e parece que nunca entendeu. Parece que nunca entrou em sua caixola teimosa que seu encanto estava exatamente por ela ser um ser humano e não um parasita acampado nas costas, por conta e pra alguém.
Ainda continua linda, inteligente, mas passa a vida a contabilizar fracassos amorosos (opa, parece que temos algo em comum). E na sua ânsia de amar, leva cada dia pra mais longe esse querido dom.
Essa garota tem sido todas as mulheres, e esses amores, que nunca foram nada mais que doações desesperada de atenção, são todos os próximos que elas (nós) acreditamos sempre que fosse "o próximo".

Meninas, está na hora de entendermos duas coisas: Um lance é só um lance.
O amor, uma hora acontece, e acredito que acontece bem naquele momento que começamos cativar aquele sentimento bonito por nós mesmas chamado: "respeito".

Quanto aos "eu te amo" guardados... Uma hora acontece. Uma hora a gente acontece.

Ass: Uma das ex-"burras da vez" do Braséo.

Here Comes Your Man - Pixies

Camila Lourenço

terça-feira, 18 de outubro de 2011

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Fazer feliz, pra ser


Quando a ânsia de ser feliz dorme e a necessidade de fazer feliz reaparece é quando entendemos que nunca foi em outro lugar se não em nosso egoismo a casa de todas nossas frustrações.
Quando conseguimos ver em nós mesmos as coisas boas que o mundo tanto grita, trocamos enfim a espera de receber algo pra poder doar pela simplicidade de fazer e só, e aceitamos que riso que realmente fica é aquele que nasce através da felicidade que de alguma forma, em outro semeamos.
Nosso pecado está em querer fazer parir dos outros o que deveria nascer primeiramente, em nós mesmos.


"Empty Hand- Eliza Doolittle"

Camila Lourenço

sábado, 15 de outubro de 2011

Espinho diário

(...)

Eu faço um esforço danado pra crer ainda em alguma ponta de unha desses dedos, pra não chutar o balde e xingar o mundo, maldizer a Deus e a mim.
Eu contraio a barriga, rindo de desespero de um futuro bom escondido entre as frestas de alguma cena que perdi no caminho. E dou mais risada ainda por toda essa cor furtacor que insisto em tentar ver o mundo.
A verdade é que ando chutando pedras perdidas nesse asfalto artificial que o caminho se tornou, só pra ver se ao menos xingando pela dor do impacto da pedra no meu dedinho mindinho, eu descubro que ao menos alguma coisa nesse mundo é de fato, real.


Radiohead - Fake Plastic Trees

Camila Lourenço

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Meu sol particular

Que valor incalculável possui aquelas pessoas que nos conseguem dar fé.


Qualquer palavra que eu dissesse quebraria o encanto do momento. Tinha um sol nascendo na minha frente e eu não poderia perder.
Não eram dias nem lindos, nem tristes. Eram dias. E tudo corria bem sem nada de bom realmente enfeitando. Até que aquele sol fez borboletas dançarem no meu estômago e trouxe um capítulo para aquele livro cheio de prefácios que tinha se tornado minha vida.
A despretensiosidade daquele sol, nascendo bem ali, orquestralmente na minha frente dava a tudo um tom diferente e mais vivo.
E foi iluminada por aquele sol, que me atirei pra vida. Ciente que o medo não me abandonaria, usei-o como trampolim. Porque medo ou nos trava ou nos empurra, e dessa vez, resolvi fazer o meu me empurrar, pra vida.
Sem saber se aquele sol nascia pra ficar, ciente da ausência de promessas a serem cumpridas, tomei posse da única coisa que realmente nos pertence:"o agora".
Sabe-se lá que fim levaria aquele voo livre que aquele sol tinha me incentivado a fazer. Sabe-se lá do amanhã, do chão e de tantas outras coisas.
Se para o planejamento do que que não se sabe eu havia perdido um bom tanto de sorrisos meus e de outros pelo caminho, dessa vez resolvi fazer diferente. Não planejei, não arquitetei. Fui. Aquele sol que nasceu quando ele sorriu, me salvou, e através dele, me perdi de novo. Mas pouco importa o quão perdida eu pudesse estar, pela primeira vez, por não saber como pode ser o caminho, o coração voava feliz, por enfim poder ser o que quisesse ser, se quisesse ser.
Foi o brilho daquele sorriso que me libertou. E foi naquele sol que nasceu quando ele me sorriu, que floresci, pra vida e pra mim.

Caetano Veloso - O Ultimo Romantico


Camila Lourenço


quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Faz parte do meu masoquismo, meu amor

"Mas aí, daqui uns dias…. você vai me ligar. Querendo tomar aquele café de sempre, querendo me esconder como sempre, querendo me amar só enquanto você pode vulgarizar esse amor. Me querendo no escuro. E eu vou topar. Não porque seja uma idiota, não me dê valor ou não tenha nada melhor pra fazer. Apenas porque você me lembra o mistério da vida. Simplesmente porque é assim que a gente faz com a nossa própria existência: não entendemos nada, mas continuamos insistindo."
|Tati Bernardi|


Você é o melhor espinho que já senti na carne. Vai ver que é por isso.
Vai ver que é por isso que torci todos os dias pra ver aquela porta abrir, morrendo de vontade de te ver entrar só pra te mandar partir.
Eu tenho é um medo danado dessa vida que fica bonita demais quando você está por aqui.
Fica? Vá! Me leve.



Cat Power - Living Proof
Camila Lourenço

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Consequência


Elefante é o que você carrega nas costas cada vez que decide colocar uma armadura pra ser proteger do mundo.
Jiló é o que você engole quando não admite saudade.
Isopor é seu alimento da tarde quando ser raso é sua decisão.
E solidão o seu destino quando crê que as pessoas são espinhosas demais para caber no seu abraço.

Camila Lourenço

sábado, 8 de outubro de 2011

Sobre voar a dois

Distraído é aquele que tropeça no amor,pede desculpas e continua andando.
|Camila Heloise|

Foi de tanto pular abraçado e cair sozinho que quase vi aquele cara desistir.
Eu o via, dia após dia, saltando quase compulsivamente do avião com aquele pára-quedas, mas nunca só. Algumas vezes o corpo que descia agarrado ao dele tinha o mesmo rosto do dia anterior. No inicio era até bonito de ver. Os dois, ele e a garota da vez, saltavam agarrados, abraçados, como um só, e eu via o pára-quedas se abrir e cada um abria um braço e naquele momento, pra mim era como se houvesse somente um corpo ali, desafiando a gravidade. O encanto dele e o meu porém sempre se esvaia quando depois de alguns saltos, quando sabe-se lá como, de repente, já não havia alguém saltando grudado ao corpo dele. Não sei o que acontecia. Não sei se depois de um ou dois saltos elas queriam experimentar o sabor de voarem sozinhas, só sei que elas sempre desvinculavam-se do pára-quedas do rapaz e dançavam entre as nuvens sozinhas e ele descia sem o sol que nascia no seu sorriso quando alguém o fazia voar por dentro, voando junto.
Eu o observei dia após dia, ano após ano. Não sei como aquele cara nunca desistiu. Um dia porém, algo inusitado aconteceu. Depois de passar umas duas semanas saltando com um garota, vi a mesma fazer aquele cara protagonizar uma cena nova. Ela como todas as outras posteriores, se desvinculou dos braços dele para saltar sozinha, saltou, abriu seu pára-quedas mas voltou-se pra ele e lhe ofereceu as mãos. Eu não sei o que se passou na cabeça daquele rapaz durante aquela fração de segundos que durou aquele momento. Não sei se ele ficou estupefato como eu ou se ficou só feliz. Sei que ele agarrou as mãos estendidas, e aquele foi o salto mais lindo que eu já presenciei aquele rapaz dar. Desde então, acabaram-se os desfiles de garotas. Todos os dias volta sempre "aquela" garota, que pra mim agora é a mais linda de todas.
Aquela menina, provavelmente agindo por impulso, ou só ouvindo o instinto/coração, entendeu que para voar não é preciso utilizar as mesmas asas. Que não é preciso precisar para se querer, e que a liberdade de voar sozinho jamais será barreira para quem decidir voar a dois.


I believe I can fly - R Kelly

Camila Lourenço

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Ah cara, vá, SEJA FELIZ HOJE

Se você soubesse o quanto a felicidade te obedece, mandaria ela ficar em você mais vezes.

É claro que tudo ficaria melhor com aquele cara, com aquela garota, com aquele carro, com aquela viagem, e com aquilo tudo.
Acontece que a vida é o bonde que passa enquanto você se lamenta.
Devia ser melhor? Devia. Mas ainda assim: é bonita, é bonita e é bonita.
Pare de reclamar e vem cá ser feliz HOJE.


Florence + The Machine - Dog Days Are Over

Camila Lourenço

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Time

Floresça em mim e me relembra que você pode ser doce, vida.

É quando as palavras encontram o caminho no silêncio que sei que é hora de parar. Parar pra essa senhora criança me mostrar dos seus presentes e me contar das suas verdades.
Não é raro não falarmos a mesma língua, mas sei lá porque ainda teimo em acreditar que ela nasceu em mim pra ser bonita. Vida. Bonita.


I want you - Holly Cole

Camila Lourenço

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Partir

De vez em quando seja egoísta o suficiente para optar por você.
Haverá sempre a porta de saída como opção para a moradia que não te faz mais sorrir. Por mais que a casa seja bonita e que você tenha por ela um carinho imenso, ouse girar a maçaneta.
Só descobre que há sol quem ousa olhar para o céu.



Susan Boyle - Enjoy The Silence (Depeche Mode Cover)

Camila Lourenço

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Mais um cadinho de mim

Queridos e queridas, meus caros leitores, combustível meu para jamais desistir de escrever.
Estou escrevendo para outro site também, Gente de Conteúdo (já deixei o link aqui pra vocês uma vez, não sei se todos viram).
Hoje teve postagem minha sobre o Rock in Rio e fuçando no site, vi que o vídeo onde dou minha opinião sobre o que é "Gente de Contéudo" já está no ar. Aproveito a oportunidade para deixá-lo aqui pra vocês, assim vocês conhecem um pouco mais sobre essa"garotameioloucacomossentimentosaflordapele' que vos escreve.
Beijo e confiram



Visitem o site depois: http://www.gentedeconteudo.com.br
Beijos meus!


domingo, 2 de outubro de 2011

Luz, ação


Nem que a fé nos afogue e nos deixe talvez até meio bestas e cegos. É preciso de um pouco de sorriso bobo na cara pra seguir a vida com doçura.
É preferível uma cegueira carregada de esperança do que a tristeza de não conseguir alimentar nenhuma boa convicção para o amanhã.
O céu tá cinza? Ótimo. Façamos o desenho que quisermos através das densas nuvens.
Ter fé é uma questão de escolha. Dar certo é uma questão de ação.
Hajamos. Cada um a seu modo, a seu jeito, vale tudo (desde que seja do bem), só não vale parar. Tem muita coisa boa a nos esperar.


"Yellow - Coldplay"

Camila Lourenço